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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Como te vi

Como te vi






Vi-te pálida, cálida, linda. Vi-te ainda, sorridente,
Vi-te chorando, rindo, contente. Vi-te plenamente,
Nua, na rua das rosas; em um jardim, flor mimosa,
Mas não te vi, em meus braços, berço ardente.

Vi-te cantando, bailando. Insinuado-se, ás libidos,
Vi-te lasciva, ativa, rifando, os anseios perdidos,
Nua, na rua das flores, razões de outros amores,
Mas não te vi, em meus braços, desejos sentidos.

Vi-te voando, valsando, na sala; que gala celeste!
Vi-te beijando, profanando, o sentimento cipreste.
Nua, na rua das dálias, jardim, das mortalhas,
Mas não te vi, em meus braços, horto campestre.

Vi-te em fantasia, que triste agonia, sabê-la distante,
Ver-te em sonho, é tão enfadonho, não ter-te amante,
Nua, na rua das orquídeas, jardim, das perfídias,
Mas não te vi, em meus braços, aliciante calmante.

Vi-te em outros braços, abraços, regaços, não meus.
Vi-te em outras bocas, e loucas as tinham, não eu,
E quando nua deitavas, causavas, brasas, não chamas,
E na rua, estavas, ficavas, sem asas, sem camas.

E eu que tanto quisera, oh! Bela, gozá-la também,
Te dar meu calor, lhano amor, mas, fiquei aquém,
Que grande tristeza, não serás a minha, princesa,
E agora, te abalas, sem salas nem galas, por quem?

Por faustopoti.

sábado, 20 de outubro de 2007

Cidadão alienado

Cidadão alienado




Às vezes olho e não enxergo nada...
A escuridão que chega á madrugada,
-Neblina oblíqua que entorpece a mente-,
Deixa meu olhar cego e doente,
E chuto o vulto que deita á calçada.

Raios de sol confundem a visão,
Alheio aos fatos, é tudo escuridão,
Cega-me o suor que rola no meu rosto,
Fecho meus olhos sem sentir o gosto,
Da fome alheia sem dela ter razão.

Brumas espessas, meu pensamento,
Deixa-me preso ao simples momento,
Do meu ir e vir por sob o viaduto,
Buscando em balde o salvo conduto,
De um cidadão sem envolvimento.

Em meu espelho reflete o flerte,
Do riso alegre do ser tão solerte,
E no labirinto lindo e ladrilhado,
Dessa comuna que me deixa ilhado,
Serei apenas, um munícipe inerte.



Por faustopoti.