Como te vi
Vi-te pálida, cálida, linda. Vi-te ainda, sorridente,
Vi-te chorando, rindo, contente. Vi-te plenamente,
Nua, na rua das rosas; em um jardim, flor mimosa,
Mas não te vi, em meus braços, berço ardente.
Vi-te cantando, bailando. Insinuado-se, ás libidos,
Vi-te lasciva, ativa, rifando, os anseios perdidos,
Nua, na rua das flores, razões de outros amores,
Mas não te vi, em meus braços, desejos sentidos.
Vi-te voando, valsando, na sala; que gala celeste!
Vi-te beijando, profanando, o sentimento cipreste.
Nua, na rua das dálias, jardim, das mortalhas,
Mas não te vi, em meus braços, horto campestre.
Vi-te em fantasia, que triste agonia, sabê-la distante,
Ver-te em sonho, é tão enfadonho, não ter-te amante,
Nua, na rua das orquídeas, jardim, das perfídias,
Mas não te vi, em meus braços, aliciante calmante.
Vi-te em outros braços, abraços, regaços, não meus.
Vi-te em outras bocas, e loucas as tinham, não eu,
E quando nua deitavas, causavas, brasas, não chamas,
E na rua, estavas, ficavas, sem asas, sem camas.
E eu que tanto quisera, oh! Bela, gozá-la também,
Te dar meu calor, lhano amor, mas, fiquei aquém,
Que grande tristeza, não serás a minha, princesa,
E agora, te abalas, sem salas nem galas, por quem?
Por faustopoti.