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segunda-feira, 25 de julho de 2022

Banco dos réus

 

 

A sala estava repleta, os murmurinhos faziam parecer um grande barulho mesmo em um recinto de silêncio. Doze, eram doze os jurados, sentados e atentos aos fatos. O magistrado bateu três vezes aquele martelo de madeira pedindo silêncio.

Após a exposição dos fatos, o juiz interpelou-me de modo firme, e autoritário.

 – O que tem o réu á declarar?-.

Eu estava atônito com tudo aquilo, não sabia o que dizer. Estavam todos olhando para mim, sentado no banco dos réus, sendo execrado por minhas culpas.

 

- Seu doutor, eu sou culpado por tudo que me acusam! Eu não aprendi á ler, quando havia boas escolas e tão bem preparados professores. Não aprendi á falar direito, simplesmente, porque não aprendi a ler. Sou culpado por nascer no berço da miséria, por ter um pai, que pouco tinha pra me ofertar (além do carinho possível), de ter uma mãe mal informada, e carente de amor. Meritíssimo, eu sou culpado, da morte do meu vizinho, que sem rumo, sem caminho, preferiu enveredar, por uma ida sem volta, pois quando procurou uma porta, viu ela se fechar. Sim senhor, eu sou culpado, pelo menino drogado, pela propina que o delegado, recebeu do traficante. Sou, sei que eu sou o responsável, pelo vicio do alcoólatra, pela bala perdida... Perdida, como eu, nascido morto, vivendo como um zumbi cambaleante nesse mundo morto de almas pútridas. Sou culpado, mas não quero ser mártir; sou culpado de fomentar a riqueza material, de depositar no ofertório os restos das sobras que me sobram, apenas para mostrar minha generosidade.

Seu doutor eu sou culpado, por ver preso, um magistrado que roubava o que eu não tenho, e seu doutor, de onde venho, também foi adulterado, sou nascido do pecado, por isso, seu doutor, eu sou culpado; culpado por meu pecado. Alem disso, sou culpado, de ver a propagação, dos horrores da nação no noticiário. Sou culpado; pela renda da viúva sertaneja, que em sua peleja, faz o milagre da multiplicação. E também sou culpado, pela ilusão da loteria, sou culpado pela pia, insossa, sem sal, sem açúcar; sou culpado pela conduta do dizimo amaldiçoado; seu doutor, eu sou culpado, culpado por viver. Seu doutor eu sou culpado pela desgraça do mundo; pela sujeira do imundo, pela bomba detonada. Pela louca desvairada, que enlouquece meu amor. Sou eu, seu doutor, o único culpado, e estou aqui sentado, esperando pra morrer.

 

 

Por fausto poti

domingo, 24 de julho de 2022

Luar minguante


 

 

 

 

Numa noite clara, serena e bela,

Debruçada na janela, estava ela a me olhar,

O luar resplandecente iluminava seu rosto,

Era, pois pra mim um gosto, ver seu sorriso brilhar.

 

Aqueles olhos reluzentes, refletindo o luar,

Me inspirava a dedilhar as cordas do violão,

Entoando uma canção declarava meu amor,

Dizendo-lhe, por favor, me entregue seu coração.

 

E eu tocando para ela, cheinho de devoção,

Sentido a satisfação, feliz a cantarolar,

Ela ali a me fitar, lançando em mim esperança,

Eu tal qual uma criança, pensava ela me amar.

 

A noite foi se findando, a cabocla foi deitar,

Tive que me retirar, a minha voz embargada,

Adentrei a madrugada, e quando o arrebol chegou,

O sol pra mim num brilhou, que noite mau empregada.

 

Guardei o meu violão, a sua voz se calou,

Nunca mais ele falou de carinho pra alguém,

Ás noites fica aquém das suas expectativas,

Suas cordas inativas, já não tocam pra ninguém.

 

Foi grande a desilusão que sofreu ele e eu,

Se ele emudeceu minha voz também calou,

Todo meu mundo acabou, por ela ter me deixado,

Pro seu quarto ter entrado na janela o vazio deixou.

 

 

 

 

                                               Por fausto (poti)

Pó ao pó


 

 

 

Beijai-me com teu lábio insípido,

E aconchegai-me, corpo inóspito,

Sugai o meu cerne, tão límpido,

Superai meu amorfo agnóstico.

 

Cubrais-me, oh manto encarnado,

Dilacerai minh’alma empírica,

Levai o meu ser crucificado,

Ao som de uma reles lírica.

 

Montai este fétido corpúsculo,

E corroais de vez minha tez,

Bebei o suor de meus músculos,

Meu sangue, todo ele bebei.

 

Por faustopoti.

Canção pra dois.



 

 

Violeiro, meu amigo, toca aí uma canção,

Desperta meu coração, com uma bela cantiga;

Avivai a minha vida, dar-me mais uma razão,

Tira-me da solidão, apazigua essa intriga.

 

Dedilha aí essas cordas, e entoa alguns acordes,

Vem á mim e me socorres, tirai-me desse torpor;

Violeiro de valor, és valente, e sei que podes,

Entregar por teus acordes, meus momentos de amor.

 

Apenas por um momento, -te suplico-, violeiro,

Fazei-me esse esmero, emprestai-me vossa toada,

Farei dela minha amada, dar-lhe-ei todo meu zelo,

E serei o teu companheiro, no desfrute dessa fada.

 

Violeiro, não se furtes... Divida ela comigo,

Toque-a ao meu ouvido, e ao pobre meu coração,

Fazei com que sua mão, não me deixe desprovido,

Atendei ao meu pedido: -toca aí uma canção.

 

 

Por faustopoti

domingo, 10 de março de 2013


Paissares.
 

 A saudade fria que na aldrava açoita,
Tal reio afoito que na garupa apalpa,
Corroí-me o cerne, e minh’alma acoita,
... A dor que sinto quand’ela me escalpa.

Com tamanha sanha os devaneios surgem,
E abduz-me aos tempos infantes,
Em meu silencio, as lembranças rugem,
Então volito aos passados instantes,

Vem-me á mente de maneira vívida,
Os baluartes sustentando o esteio,
(Amparo fixe de minha reles vida),
E por quem agora, profuso pranteio.


Por faustopoti.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Busca perdida.




Onde estarás, oh mulher de minha vida?
Pois minha essência se esvai com rapidez.
Onde encontrar, minha diva preferida?
Se de amores, meus alvores são d’escassez.

Nessa penúria, sigo buscando baldado,
Por um alguém que não me negue o coração,
E vou seguindo meu destino malfadado,
Mas só encontro o desencontro da paixão.

Aonde devo procurar as minhas brasas,
Se minhas asas já se encontram carcomidas,
Corroídas, como lama em poças rasas,
Ainda mais: com minhas forças consumidas,

Pois é cruel o porvindouro que vislumbro,
E é tão triste o hodierno que percebo,
Pois meu amor demora-se á ressumbro,
E o que me vem tem efeito d’um placebo.

Então que venha a dama que’u não queria,
E que seu manto cubra-me de escuridão,
Já que não vem nenhuma que’u gostaria,
Será com ela, que jazerei a solidão.

Enquanto vivo, viverei desamparado,
Sem alma-gêmea, sem irmã... Na solidão,
Mesmo amoroso não me sinto sendo amado,
Pois meu pecado, é amar sem redenção.

Onde estarás, oh mulher da minha vida?
Estarás morta, ou ainda não nascestes?
Já que fomentas minha existência perdida,
Pois todo dia, morro á cada despedida...
Por que então em meu coração crescestes?



Por faustopoti.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O amor

O amor é um mistério, adultério da alma,
A perda da calma, um vôo etéreo,
Um sonho singelo um eterno penar,
Um destrocar, a quebra de um elo,
Um sonho belo, um adejar suicida,
Uma nova vida, um despertar,
Um lamentar, um choro de dor,
Ás vezes pavor... Alegria constante,
Alimento abundante... Um dissabor.

E quem não ama, reclama á vida,
Não tem despedida, e nem reencontro,
Nunca está pronto á sorrir á alguém,
Não sabe o que tem e nem quer conquistar,
Com medo de amar, e sem sentimentos,
Perde seus momentos, sozinho, sem sonhos,
Pensamentos medonhos, de se entregar,
Teme profanar, os anseios divinos,
Seu tempo menino, á lhe atormentar.

Porem mesmo sendo um sofrimento,
Em algum momento, devemos amar,
Querer se apossar dum nascer do sol,
Um lindo arrebol, um beijo da lua,
No meu da rua, abraçar um alguém,
Amar o que tem, e o que conquistar,
Saber se doar, se entregar sem pudor,
Experimentar o amor, viver em dueto,
Trazer em seu peito, o mistério da dor.

Por faustopoti

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hospede urbano.



Cai-me o orvalho á limpa cara,
No frio improfícuo da noite,
No corpo, a dor que não sara,
Pois o orvalho gelado não para,
Á aturdir-me, tal ferino açoite.

Sob a bela marquise imponente,
Edifico o meu prosaico leito,
E a poeira asfáltica presente,
Nos pulmões, se faz latente,
Infectando por dentro meu peito.

Escorre nas sarjetas, a lama,
Desta tão fétida civilidade,
Meu sangue, ao menos reclama,
Pois na mesma sarjeta derrama,
O veneno da aprazível cidade.

E nesta insalubre hospedagem,
De tantas estrelas, no céu,
É jardim de cimento, a paisagem,
Já humanos, só de passagem,
E hospedo-me no quarto ao léu.

Quem pagará minha conta,
Quando um dia eu for despejado?
Pois o nada que ganho, não conta,
E a comida, nunca está pronta,
Nem vem, o que tenho desejado.

Oh anfitriões desalmados...
Negas-me de tua civilidade!
Por que sois tão malvados?
Já que tudo, são apenas trocados,
E agora, sou hospede na tua cidade.



Por faustopoti.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Desejo

Desejo





Daquele beijo nasceu o desejo de ter você,
Nosso proceder te fez volver, e você não quis,
Como se com giz, escrevestes, eu quero!
Soou insincero, fazendo em mim um infeliz.

Deixei-te louca ao oscular-te á boca lascivamente,
E de repente meu corpo quente aplacou teu pejo,
Naquele adejo te fiz em cortejo e para te amar,
Quase á soluçar, busquei abrandar todo teu desejo.

Recordo ainda sua boca linda cheia de luxúria,
A promessa espúria foi somente injúria e acabou,
Você não me amou, e nem me deixou amar você,
Sei que vou viver somente á sofrer sem o seu amor.

Dá mais uma chance pra nosso romance se enflorar,
Deixa eu te afagar, quero te amar, beijar os teus seios,
Quero sem rodeios procurar os meios de ficar contigo,
Sem nenhum castigo te dar meu abrigo e meus devaneios.




Por faustopoti

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Rumo

Depois de andar por tanto tempo,
Ter cruzado esquinas perigosas,
Atravessado vielas tenebrosas,
Dormir, tantas vezes ao relento,
Sentir somente o sabor do vento,
E ferir-me nas pétalas das rosas.


Após caminhar na tenra mansidão,
Dos ermos corações apodrecidos,
Dos amores ínfimos, desnutridos,
Apenas alcancei a solidão.
Meu caminho, somente ilusão,
Caminhos, quem dera, esquecidos.


Será que é essa minha sina,
Caminhar por escusos degredos,
Desconhecer do amor os segredos,
Viver no deserto da esquina;
É essa, a vida que se inclina,
Á atormentar meus infantes medos?


Necessito me alar pra conceber,
Paisagens mais amplas, abertas,
Transcender as barreiras incertas,
De volitar, meu receio perder;
O amor, aprender a entender,
A solidão, trazer encoberta.


Quem dera voltar ao começo,
De onde o destino me tirou,
Escolher um outro recomeço,
Iniciar tudo, de onde começou.




Por fausto poti

domingo, 17 de agosto de 2008

Dá-lhe



Teu suspiro,

Gemido suprimido,

Abolido;

Por meus desejos.

E meus beijos,

O ensejo,

Que faltava,

Á teu ser,

Que, falseava,

E buscava,

O sentido,

Á muito,

Perdido.





Por faustopoti

Procela de paixão


Quero ébrio adormecer nos braços da madrugada,

E ao meu peito aconchegada a minha bela donzela,

Após uma grande procela de volúpia e paixão,

Apaziguar meu coração no amor que é só dela.


E quando entorpecido, quero sim está sonhando,

Com minha linda, e beijando esse corpo que é dela,

Vou está pensando nela, banhando todo meu ser,

Consagrando o prazer de fazer amor com ela.


No sonho, aconchegado ao amor de minha vida,

Lembrarei a nossa ida aos campos celestiais,

Aonde ninguém jamais, pensou um dia sequer,

Amar á uma mulher, sem em nada ser fugaz.


E se acaso acordar, que seja então no calor,

No colo de meu amor, despertar á sua mercê,

Novamente irei sorver os lábios da minha bela,

Para cavalgar com ela até nosso adormecer.



Por faustopoti.

Por minha culpa

Venho pedir-te perdão,

Não sei qual foi á razão,

Mas te esbofeteei...

Tuas roupas, eu tomei,

E delas fiz-las em leilão.


Levei-te á julgamento,

Favoreci teu tormento,

Em teu sangue me lavei.

Sou culpado, eu bem sei,

Mas nego o arrependimento.


Da tua paixão sou culpado,

E ainda, eu viva calado,

Jamais serei redimido.

Pois por mim fosses traído,

No cepo, crucificado.


Chamo-te de criador,

De irmão, progenitor,

De Deus-todo-poderoso.

Choro, mas de remorso,

Por ser teu executor.


Livra-me de minha culpa,

Mudai a minha conduta,

Faz que’u seja um cristão,

Penetra em meu coração,

A carga de tua luta.


Meu Cristo crucificado,

Perdoa esse pecado,

De te pregar numa cruz.

Oh! Meu bondoso Jesus,

Eu bem sei que sou culpado.




Por faustopoti

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Loucura, ou insanidade?

O que difere a loucura da insanidade? Não sei... Não, não sei de verdade. Será a loucura, o caminho do romântico?... Do artista?... Dos santos...? Não sei.

- Mas sei o que é insanidade... ah, isso, eu sei... Pois eu mesmo sou um insano, sou um alucinado, vivo rindo do pecado, e sou, também um profano.

Revivo as almas mortas, e tento dar-lhes vidas, beijo-lhes ás bocas tortas, magoou suas feridas, dispo-lhes de suas vestes, livro-lhes de suas pestes, abro-lhes avenidas.

Sou sem tino... Sou um desatinado, um demente, alucinado, repleto de amor.

Ouço vozes, vejo imagens, sinto ao tato minha amada; e na solidão da madrugada, sigo com ela, a viagem... Mas, no silêncio soturno, escuto a outra chamar, e em meu desperta noturno, em minhas lagrimas, vou, me purificar.

Ela diz ao meu ouvido, -onde duvido escutar-, que sou eu, suprimido, e devo, com ela passear.

As minhas ouças alcança, os mais longínquos chamados, e fico preocupado com a minha insanidade, tenho apenas pouca idade, e já me sinto um ancião, o fardo da solidão, e os chamados de outrora, faz-me nessa hora, perguntar:

É loucura amar? É insano sorrir? É triste ficar? Ou é melhor partir? Partir para não ficar, enlouquecer por amar, chorar por ter que ir... Com outra me encontrar.

Já não sei o que se passa, o que embaça minha mente... Sei bem que não sou louco, mas estou quase demente, pois a minha mente, mente; dizendo: demente é pouco.

Mas é boa a insanidade que vivo nesse momento, quem dera fosse esse vento, só ele pudesse me banhar; tocar-me amenamente, beijar-me a tez sofregamente, eu viveria alegremente, a insanidade de amar.

Por faustopoti.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Pretenso cristão



Neste meu mundo sereno,

Quem dera ser nazareno,

E a vida poder doar.

Num instante calcular,

Como quem baliza á esmo,

E assim, como á mim mesmo,

Ao próximo saber amar...


Mas talvez, apenas eu seja,

Um ente que em peleja,

Queira dividir o pão.

Sou um pretenso cristão,

Que não, por esquecimento,

Não guarda o mandamento,

De amar á seu irmão.


Aos enfermos não visito,

Não possuo qualquer quesito,

Á ter com os encarcerados.

Aqueles pobres execrados,

Que moram na marginaria,

Perdidos na imaginaria,

De ter remidos os pecados.


E se é sol ou se é chuva,

Também esqueço as viúvas,

E aos órfãos esquecidos.

Calo-me aos gemidos,

Dos que carecem de pão.

Sou um pretenso cristão,

Que não lembra os excluídos.


Propago o dizimo salgado,

O meu defeito saldado,

Também pago o meu sesmo.

Provoco grande tenesmo,

Ao verdadeiro cristão,

Que ama ao seu irmão,

Como quem ama á si mesmo.




Por faustopoti.

Água pr’eu beber.




Quando se chega a tardinha, e o sol vai ao poente,

Num vermelho reluzente, desenha-se o arrebol.

Apaga-se a luz do sol, o pó se aquieta no chão.

Silencia-se meu torrão, ao canto do rouxinol.


Por traz de uma algaroba, ou quiçá um carrasqueiro,

Surge um lindo luzeiro, á clarear o meu sertão.

O luar faz-se então, tal um grande candeeiro,

Alumiando o terreiro, aveludando meu chão.


Sentado ao meu alpendre, refletindo a natureza,

Imaginando a beleza, como seria então,

Esse meu lindo sertão, com águas do São Francisco,

Não teria outro aprisco, o luar do meu sertão.






Por faustopoti.

Brumas de ilusão.




Fecho os olhos para te encontrar,

Porém só vejo uma bruma densa,

Meus devaneios á te procurar,

Mesmo traindo, a minha crença.


Pois quando te vi a primeira vez,

Pensei poder beijar-te á boca,

Em minha mente, a paixão se fez,

Pelos seus lábios, linda cabocla.


Pensei poder afagar teus velos,

E no teu colo abolir a lassidão,

Poder servir todos os teus apelos,

E solver teu sumo com sofreguidão.


Mas fostes embora sem olhar pra traz,

Deixando apenas teu lindo sorriso,

Amargurei-me tal quimera que jaz,

Por saber que teu amor é indiviso.


Agora, já qu’eu vivo nesta sombra,

Só os meus sonhos veriam você,

Mas tua face é o que mais me assombra,

E o meu pensamento não quer mais te ver.




Por faustopoti

sábado, 8 de março de 2008

Lascívia

Lascívia.






Sente meu suor em teu tato,

Geme meu lascivo gemido,

Mora de vez em meu quarto,

Divide tua vida comigo.


Beija-me á boca sedenta,

Mata essa vontade de amor,

Arde teu ser que esquenta,

Nas brasas do meu calor.


Cavalgue-me com luxúria,

Fazendo de mim teu corcel,

Mesmo a paixão sendo espúria,

Que ela nos leve ao céu.


Volite aos anseios castrados,

Por quem não sabe amar,

Só temem ossos quebrados,

Os que não querem voar.


Provas de minha semente,

E eu beberei de teu sumo,

E o clímax virá veemente,

Mas não perdemos o rumo.


Beija meu corpo com sede,

Com ansa volúpia e desejo,

A nossa lascívia, segrede,

Daqueles que temem o adejo.


De cavalgarem alucinados,

Por dentre as brumas do céu,

E de viverem extasiados;

Solvendo do amor todo mel.


Baila comigo essa dança,

Que por vezes se torna morosa,

Outras, frenética avança,

Arrancando o aroma da rosa.


Por fim, deita em meu peito,

E nele constrói teu abrigo,

Faz do meu ser, o teu leito,

Divide tua vida comigo.




Por faustopoti

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tão pouco

Tão pouco



Disfarço a dor que sinto, e minto com um sorriso,

E preciso falsear a agonia; para que você me ria,

Faço tudo que for preciso.


Nego a dor que me corroí, e como dói fingir assim.

Aí de mim, demonstrar; o que sinto, e minto,

Para que não fujas de mim.


Contento-me tal louco, com o pouco resultado,

E calado consinto; e pra mim mesmo eu minto,

E diz-me: - és culpado.


Dissimulo meu riso conciso, apenas por teu afeto,

E de novo repleto de amor; esqueço a dor,

Pois sou, teu objeto.


Devora meu ser, faz parecer, que sou feliz.

Me diz: - tu me adora-; e da boca pra fora,

És tudo o que eu sempre quis.


Vou assim dissimulando, o teu amor granjeando,

As migalhas aparando; mas é raro, e pago caro,

Para viver te amando.






Por faustopoti

Sentimentos roubados

Sentimentos roubados

Dos teus sonhos acordo assustado,

Maltratado no teu aconchego,

Temerário de tantos segredos,

Nos teus braços, eu sou solitário.


Ferido por teus afagos,

Meu corpo em chagas se esvai,

Teus sentimentos deturpados,

O meu sentimento retrai.


Sinto gelados teus beijos,

Em minha tez assombrada,

E tua boca molhada,

Só me traz dos sonhos sobejos.


Tuas noites, trevas pra mim,

Teus dias, em mim são cinzentos,

Tua cama, só meu tormento,

Teu principio, apenas meu fim.


Risos estridentes ao ouvido,

Faz parecer deboche insensato,

Já não mais te sinto ao tato,

Ouço gritos ao invés de gemidos.


Tua pele repele meu corpo,

Não sinto conforto ao teu lado,

Sinto-me tão desolado,

Como se estivesse co’morto.


Não pensas em mim como sou,

Só queres pensar que sou teu,

Amor, ninguém nunca te deu,

Amores que tanto roubou.


Não tens amor verdadeiro,

Pois que, enganas o amor,

Não aprendestes amar primeiro,

Teus sentimentos sorrateiros,

Só trazem sofrimento e dor.




Por faustopoti